quarta-feira, 21 de julho de 2010

Brasil é terceiro pior do mundo em desigualdade Social:


ONU afirma que País tem baixa mobilidade socioeconômica e só perde para Bolívia e Haiti em diferença entre ricos e pobres!

Leandro Colon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O Brasil tem o terceiro pior índice de desigualdade no mundo e, apesar do aumento dos gastos sociais nos últimos dez anos, apresenta uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações. Os dados estão no primeiro relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre América Latina e Caribe.

Segundo o estudo, a região é a mais desigual do mundo. "A desigualdade de rendimentos, educação, saúde e outros indicadores persiste de uma geração à outra, e se apresenta num contexto de baixa mobilidade socioeconômica", diz o estudo do órgão da ONU concluído neste mês.

Entre os 15 países com maior diferença de renda entre ricos e pobres, 10 estão na América Latina e Caribe. Na região, o Brasil empata com Equador e só perde para Bolívia e Haiti em relação à pior distribuição de renda. Quando outros continentes são incluídos, a Bolívia ganha a companhia de Madagáscar e Camarões no primeiro lugar, e o Haiti tem ao seu lado, na segunda posição, Tailândia e África do Sul. Para o PNUD, esses países apresentam índices "muito altos".

O relatório do órgão da ONU destaca que a maior dificuldade na América Latina é impedir que desigualdade social persista no decorrer de novas gerações.

Pobreza. "A desigualdade reproduz desigualdade, tanto por razões econômicas como de economia política", afirma trecho do documento. E os números não são nada bons para o Brasil. Cerca de 58% da população brasileira mantém o mesmo status social de pobreza entre duas gerações, enquanto no Canadá e nos países nórdicos, por exemplo, esse índice é de 19%.

"Estudos realizados em países com altos níveis de renda mostram que a mobilidade educacional e o acesso a educação superior foram os elementos mais importantes para determinar a mobilidade socioeconômica entre gerações", diz a ONU.

Pai e filho. Segundo o estudo da ONU, é baixo também o crescimento do nível de escolaridade entre pai e filho. E esse resultado é influenciado pelo patamar educacional da geração anterior.

No Brasil, essa influência chega a ser de 55%, enquanto nos EUA esse porcentual é de 21%. O Brasil, nesse quesito, perde para países como Paraguai, Panamá, Uruguai e Jamaica. O estudo do PNUD destaca que acesso a bens e serviços públicos podem ajudar a aumentar essa mobilidade educacional.

A evolução do gasto público social é destacada pelo órgão da ONU.

Gasto social. Segundo o estudo, esse tipo de despesa gira em torno de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na região. Entre 2001 e 2007, o gasto por habitante aumentou 30%, de acordo com o relatório, sendo que a maior parte disso concentrou-se em segurança e assistência social.

"É possível afirmar que os países da América Latina e Caribe realizaram um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social", diz a conclusão do estudo.

O PNUD ressalta o crescimento econômico de alguns países nos dez últimos anos, entre eles o Brasil, mas faz um alerta: "Ainda que sejam evidentes os avanços no desenvolvimento humano e na diminuição da pobreza em diversos países da região, os valores agregados escondem importantes desigualdade".

Os dados apontam ainda que as mulheres e as populações indígenas e afrodescendente são os mais prejudicados pela desigualdade social na América Latina e Caribe.

No Brasil, por exemplo, apenas 5,1% dos descendentes de europeus vivem com menos de 1 dólar por dia. O porcentual sobe para 10,6% em relação a índios e afros. Mais uma vez, o PNUD lembra que os acessos a infraestrutura, saúde e educação poderiam alterar esse cenário.

Propostas. O estudo da ONU defende que é possível romper o círculo vicioso da desigualdade. Para isso, são necessárias políticas que combatam a pobreza de forma estratégica "A desigualdade é um obstáculo para o avanço no desenvolvimento humano, e sua redução deve incorporar-se explicitamente na agenda pública", diz o documento.

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